Victoria Azarenka não deu sorte para o azar

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Era o ano de 2002 e era a mesma quadra de Rod Laver Arena em Melbourne Park. A suiça Martina Hingis havia sido derrotada na final por dois anos seguidos, sendo que em 2001 havia caído justamente diante da americana Jennifer Capriati, que estava novamente do outro lado da rede. Desta vez ela queria que fosse como em 1997, 1998 e 1999, quando se tornou campeã do Aberto da Austrália três vezes seguidas. Por isso marcou 6-4 no primeiro set e já fazia 4 a 0 no segundo. A oportunidade era incrível, mas Capriati pediu atendimento médico e quando retornou chegava a mancar em quadra. Talvez Hingis tenha pensado que a taça já era sua, e por isso acabou tendo que ir embora com mais um vice-campeonato após sofrer uma virada inacreditável no placar.

Quando uma jogadora se machuca ela normalmente perde seu rendimento, e na maioria dos casos acaba perdendo o jogo. Se ela retorna e vence, acaba sendo acusada de ter usado o atendimento médico para esfriar a partida e prejudicar seu rival, mas muitas vezes essa acusação pode ser injusta, pois não temos como saber se era fingimento ou não. Os torcedores podem se voltar contra a bielorussa Victoria Azarenka, por ela ter pedido atendimento médico em um momento crucial da semifinal e ainda assim ter vencido o jogo, mas na final ela provou que também consegue vencer quando vive o outro lado da moeda. Não tem como saber se Jennifer Capriati fingiu ou não em 2002. É possível ter certeza absoluta que Li Na jamais fez qualquer tipo de simulação na grande decisão de 2013.

A chinesa havia vencido o primeiro set. A maior jogadora de sua nação em todos os tempos ainda tinha a torcida australiana a seu favor. Não faltavam bandeiras vermelhas nas arquibancas e parecia até o China Open. Mas ela torceu o pé em uma das jogadas e o seu drama começou. Mais tarde passou mal, bateu a cabeça no chão, teve que receber atendimento médico como Capriati em 2002 e como a sua rival recebeu na semifinal. E com um sorriso no rosto ela retornou bravamente para seguir na batalha, para continuar jogando e para cair de pé como Sloane Stephens e ao contrário de Hingis. Talvez a derrota fosse inevitável, mesmo se não tivesse tido problemas físicos e de saúde, mas pelas jogadas que estava fazendo até então o merecimento do título que também não veio em 2011 estava mais do que justificado.

Sem dar sorte para o azar em busca da vitória, Victoria Azarenka mostrou como não ser Martina Hingis. E tudo talvez se deva a um simples fato: A concentração. Desde quando estava sozinha no corredor da Rod Laver Arena até a sua entrada em quadra e espera pelo atendimento médico de Li Na. Capuz cobrindo a cabeça, ela literalmente parecia uma lutadora de boxe antes de subir no ringue. Pronta para golpear a bola com sua raquete como os irmãos Klitschko golpeiam seus adversários com as mãos. Pronta para não se deixar abalar com perda de ritmo ocasionada por tantas paradas como o Dia da Austrália. Pronta para não evitar que as lágrimas escorram por seu rosto porque ela consegui ser campeã de novo. Porque se não fosse campeão perderia seu posto de número um do mundo, por apenas um resultado, isso é que seria dar sorte para o azar.

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